Pedagogia

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Como é bom ser educador

domingo, 14 de novembro de 2010

SEMINÁRIO INTEGRADO:O MAPA DO TESOURO: UTRAPASSANDO OBSTÁCULOS E SEGUINDO PISTAS NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL.

O MAPA DO TESOURO: UTRAPASSANDO OBSTÁCULOS E SEGUINDO PISTAS NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Experiência de estagio com crianças de um a dois anos

Sara Duarte Souto - Maior

Introdução

A educadora Sara Duarte nos trouxe uma experiência da observação que ela teve no cotidiano de crianças de um a dois anos de idade, no ano de 1997, pois quando achava  q já sabia o suficiente como educadora , encontrou nesta experiência novas situações que lhe foi como um desafio onde se interam a teoria e a prática.
Mais quatro estagiarias atuavam naquela escola ansiosas por aprenderem e a interagirem. O projeto da professora Sara buscava trazer para a instituição refletir sobre os instrumentos de trabalho do educador infantil: planejamento, registro e avaliação mostrando sua importância e sua atuação.
Sempre voltado ao foco do seu projeto, Sara fazia uma leitura geral do grupo, de modo a ser essencial para a elaboração do trabalho. Na 1ª leitura já pode transmitir o que viria de diferente dos comentários comuns do diário de bordo dos professores.
Nas anotações diárias, o educador escreve sua historia sem cobranças, sempre detalhando o que fez e o que deixou de fazer, também o que os outros fizeram, enfim dando a descrição completa dos fatos.
Anotar, descrever, detalhar, tudo isso auxilia ao educador a compreender e formular o plano para o outro dia, e mesmo que fique muito descritivo é válido, pois quando fazemos a releitura da anotação percebemos o que é preciso melhorar ou acrescentar em nossos registros. E ainda a autora explica que ninguém nasce sabendo registrar e que faz parte do processo de construção pessoal.
E assim podemos verificar um pouco dos exemplos que ela nos deixou como exemplo que pode ser utilizado para registrar nossos planos diários.
Como foram a entrada e a saída? E os outros momentos da rotina (troca, higiene, lanche, sono)?
Como funciona a participação das crianças? Demonstram interesse/entusiasmo?Em quê? Quais os momentos de maior concentração? Como as crianças se organizaram nos diversos momentos?Surgiram novas parcerias?
Houve conflitos?Quem desencadeou?O que foi feito?Deu certo? Que hipóteses teria para isso?O que foi positivo?O que ficou faltando, ou o que poderia ser encaminhado de outra forma?
Como as crianças reagiram as organizações espacial proposta?Fizeram modificações?
A minha proposta favoreceu a autonomia e a iniciativa das crianças? Como?
O que poderia ser trabalhado amanhã?Por quê?
Como você se sentiu no dia: facilidade/dificuldade ao encaminhar as situações e atividades e ao coordenar o grupo de crianças? Dúvidas/inseguranças em algum momento? Qual?

Isso deve ser utilizado para auxiliar, mas não como regra para que não venha tirar a liberdade do educador para melhorar ou ampliar seus conhecimentos (Warschauer- 1993).
Sara revela que em seus registros poderiam ter mais dados mais completos e com mais reflexão, pois fazia seus registros à noite em casa que eram demorados, mas com o passar do tempo foi melhorando e ficando mais ágil nos registros. E exemplifica que o registro é como “fotografar” um momento que pode ser visto quantas vezes for preciso e lembrar de situações que marcou sua historia como educadora e que pode auxiliar-nos para situações no presente.
As reflexões e questionamentos são comuns, principalmente quando se trata de faixas etárias diferentes onde devemos ter o cuidado de atender a todas as necessidades das crianças e por isso devemos formular planos de aula que possam ajudar a educar, como por exemplo, mostrando vídeos, livros, historias etc., que serão melhores discutidos no próximo titulo.

Eles também gostam de histórias

A importância dos livros e das histórias é uma hunanimidade. Ou seja todos concordam que o livro é fonte de conhecimento, na educação deve ter o contato das crianças com esse instrumento. Mas é questionado, e a criança que não sabe ler? E esses que não conseguem se concentrar por muito tempo? E aquelas que nem sabem folhear as páginas, colocam tudo o que vêem na boca, e quase sempre rasgam os livros? Para essas, nada de livros?
O que o educador muitas vezes não percebe é que não existe idade para se iniciar um trabalho com as histórias e com os livros. Até os editores e as livrarias já perceberam isso, por causa das grandes quantidades de livros de pano, de plástico e de papel resistente que tem sido comercializado nos últimos tempos.
A leitura diária de histórias deve ter espaço garantido na rotina dos grupos, inclusive dos de crianças menores, assim podem construir um repertório próprio de histórias em uma linguagem diferente da fala cotidiana. O contato com os mais variados materiais de leitura, num ambiente onde a criança possa manuseá-los livremente, pode levá-la a perceber os diferentes usos da língua escrita, antes mesmo de ser capaz de ler e escrever.
Pensando nesse trabalho com a literatura na educação infantil, Zen (1995,p. 55) propõe algumas idéias que poderiam auxiliar o educador:

ler e estudar o livro antes de lê-lo para as crianças;
selecionar uma grande variedade de histórias curtas, compridas, de antigamente, atuais, de fantasmas, lendas, poesias ou prosa;
ler contos de fadas que falem de medos, de amor, da dificuldade de ser criança, das carências, de autodescobertas, de perdas e buscas;
usar diferentes modalidades e possibilidades da voz ao ler histórias;
mostrar as crianças que o que ouviram está impresso num livro e que poderão voltar a ele se assim o desejarem.
             O educador deve perceber que a leitura de um livro e a oferta dele tem grande importância para a criança, deve ser tratado como uma celebração, encantamento. Cabe a ele descobrir junto com as crianças, novas formas de contar histórias, novos estilos, novos autores, não utilizar apenas o livro, usar fantoches, gravuras, caixinha de histórias. É preciso, oportunizar esse contato das crianças com os livros e as histórias, independente da idade.
Outro importante fato é a relação de escolha das histórias a serem lidas. Não ficar somente nas mesmas histórias, nos mesmos enredos, e sim buscar histórias com enredos mais elaborados, histórias mais longas, experimentar, ousar.
As rodas de histórias que se seguiram tornaram-se muito mais interessantes. As histórias mais longas, com mais personagens e enredos mais ricos agradaram ao grupo, que não se contentaram apenas com o “bis”. No final, quiseram pegar o livro, recontar a história aos amiguinhos, nomear os personagens e gravuras, disputando o livro com os colegas.
Galo maluco, O retrato, Gatinho trapalhão, Os 3 ursos, Um dia no parque e muitas outras foram contadas ao longo dos dias. O grupo ficava tão concentrado que eram raras as situações de conflito nesses momentos.
Nas poesias, são utilizados fantoches adivinhações e até trechos de músicas, para motivar inclusive os menores e os maiores gostam de poesias com muito humor e jogo de linguagem.
Durante o estágio li para as crianças a poesia “Chatice” de José Paulo Paes, para as crianças do grupo. Primeiramente fiz um mistério quanto ao conteúdo de um saco azul de tecido, deixando que as crianças levantassem hipóteses. Depois surgiu um fantoche de jacaré que mordia um sapato de verdade. Brincamos com o jacaré, que passou a morder o sapato das crianças, provocando sustos e gritinhos de alegria. Por último, li a poesia.




Chatice

Jacaré,
Larga  do meu pé,
Deixa de ser chato!

Se você tem fome,
Então vê se come
Só o meu sapato,

E larga do meu pé,
E volta pro seu mato,
Jacaré!

Durante o estágio, percebi que as crianças não se contentavam em “ver” ou “ouvir” as histórias contadas. Queriam mais, pegar os livros, apontar, mostrar as gravuras que mais lhes chamaram a atenção e “contar” os colegas, utilizando frases próprias de contador de histórias com “era uma vez”.
Por isso que me preocupei em garantir em alguns momentos que cada criança pudesse manusear um livro, sem pressa, sem a cobrança pela conservação (sem deixar de falar sobre isso). Foi uma experiência muito positiva para todos. As crianças não apenas demonstraram interesse por esse contato com os livros, mas também demonstraram que não são tão descuidadas como muito de nós pensamos. As crianças também já conseguiam virar as páginas com um certo cuidado, nomear o que viam, “inventar” pequenas histórias para as gravuras e fazer comentários, além de ficarem atentas para o que os colegas diziam.
Houve também imitações dos personagens, como seus gestos e expressões faciais e o pedido constante das crianças, como “conta outra vez”, e na segunda vez já sabiam o enredo e os personagens, elas mesmas antecipavam as emoções, tornando mais ricas e douradoras.



                                      Imagens e Crianças


Hoje, as instituições infantis já são equipadas por tv, aparelho de DVD e filmes para as crianças. Isto tudo, visando a necessidade das crianças, ensinando-as de uma maneira diferente utilizando mecanismos que elas gostam.
Para os dois momentos da coordenação do grupo com o qual iria utilizar o vídeo, providenciei a edição de dois blocos do programa “Castelo Rá-Tim- Bum”, sendo o “Lava Mão” e o “Ratinho tomando banho”. São muito conhecidos pelas crianças, algumas delas cantam a música do “Lava Mão” durante a higienização. Balançando o corpo para os lados e até batendo palmas.
Nessa primeira experiência, não consegui organizar o espaço e nem conduzir a atividade de forma adequada e satisfatória. Apesar disso, a atividade  proposta em seguida( desenhar com carvão, sujando as mãos) foi muito interessante e pareceu agradar as crianças, que logo que perceberam como suas mãos estavam sujas, sugerindo que as lavassem.

Uma lava outra, lava uma...
Depois de brincar no chão de areia a tarde inteira, antes de comer,
Beber, lamber, pegar na mamadeira
Lava uma mão, lava outra
A doença vai embora junto com a sujeira: verme, bactéria, mando    embora embaixo da torneira
Água uma, água outra...
Na segunda, na terça, quarta, quinta, sexta feira,
Na beira da pia, no tanque, bica, bacia, banheira
Lava uma mão, mão, mão...
Água uma mão, lava outra mão...

Na segunda atividade, tudo deu certo. Depois de assistirmos ao vídeo, as crianças deram banho nas bonecas e nos bichos de pelúcia na sala, utilizando bacias, pedaços de tecidos e embalagens vazias de produtos de higiene.

Tchau. Preguiça, tchau, sujeira, adeus cheirinho de suor...
Lava, lava, lava uma orelha, outra orelha, outra orelha, outra orelhas
Lava , lava, lava, lava, lava testa, bochecha, lava o queixo, lava a coxa, e lava até... meu pé , meu querido pé, que me agüenta o dia inteiro
E o meu nariz, meu pescoço, meu tórax, o meu bumbum, e também o fazedor de xixi
Lá, lá...
Humm... ainda não acabou não, vem cá, vem
Uma enxugadinha aqui, uma coçadinha ali, faz a volta e põe a roupa de paxá. Há!
Banho é bom, banho é bom, banho é muito bom! Agora acabou!


A escolha do texto videográfico a ser utilizado também merece atenção especial. Os que têm impacto sonoro (como os clipes) geralmente a atenção de crianças de qualquer faixa etária, inclusive as menores, Nas histórias, o cenário, o enredo e os personagens também são importantes, porém devem ser levados em conta o conteúdo da mensagem, o tom de voz, e a velocidade na emissão das palavras dos personagens. E, é claro, deve-se escolher o texto videográfico de acordo com o interesse das crianças e com o projeto de trabalho em andamento.
Pelos resultados encontrados, penso ser viável a utilização do vídeo com as crianças menores que, afinal, já tem contato com essa linguagem no dia-a-dia. Também a proposta de utilizar blocos de programas infantis ,curtos é muito interessantes e práticos. A partir, da reflexão, sobre essa experiência , é recomendável que nós, educadores, deixemos de lado a velha fórmula de utilização do vídeo: em dias de chuva, fazendo as crianças assistirem a filmes inteiros ou a partes dele, apenas para “passar tempo”, sem qualquer objetivo.
Paralelas a essas atividades, ocorreram uma reorganização do ambiente da sala e a introdução de alguns móveis: chuveiro, pia, trocador e banheira de boneca, e num lugar especial o “troninho”, que passou a ser utilizado por algumas crianças que já ousavam ficar sem fraldas  e outras que se habituavam utilizá-lo, pondo seus bonecos  e bichos para fazer “xixi”. A utilização desses móveis tinha como objetivo desencadear e proporcionar brincadeiras relacionadas a maternagem ( como trocar fraldas e dar banhos em bonecas e bichos)  e de descoberta do corpo( como tomar banho de chuveiro sozinho, lavar as mãos na pia e utilizar o “troninho”). Momentos de descobertas e alegrias.

O Mapa do Tesouro Leva-nos enfim, a um Lugar Certo?
 

Esse mapa dá noção do caminho, mas nem sempre ele nos leva ao caminho certo. Ter o mapa é apenas o começo, existem obstáculos a serem vencidos, pistas a serem seguidas e cada pista tem variáveis e inúmeras possibilidades.
 E quando encontramos o baú de tesouros ele se revela do tamanho da nossa ousadia: grande ou pequeno. A quantidade de relíquias também varia, e muitas delas tem valores diferentes para cada pessoa.
Não dá para esperar. Ninguém vai aparecer e nos dizer o que e como fazer. O educador deve apenas começar, sair do seu projeto seguro e persistir na realização das muitas atividades, que são partes integradoras de sua profissão, dentre as quais, a prática do registro.
Converse sobre suas conquistas. Reflita sobre suas dificuldades. Procure caminhos diferentes. Descubra atalhos. Dialogue com os autores. Faça das crianças  de seu grupo suas companheiras de jornadas. Só assim estaremos no caminho, em busca de uma educação de qualidade, comprometidas com as crianças.

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